Um MVP a cada duas semanas: Parity está construindo um Web3 “pronto para uso diário” para Polkadot!

Com o retorno de Gavin e a mudança do objetivo central da Parity de construir protocolos para desenvolver produtos, o departamento de produtos da Parity tem recebido cada vez mais atenção. Nesta edição do Space Monkeys, convidamos Karim Jedda, Diretor de Engenharia de Produtos da Parity.

Assim como Gavin Wood, Karim também é alguém que transforma “curiosidade” em produtividade de forma completa.

• Ele é capaz de colocar um dispositivo em uma caixa preta para testar se o celular está “ouvindo” secretamente;
• Consegue, em um final de semana, criar um “token” físico da Polkadot com NFC;
• Faz com que três IAs debatam e votem entre si on-chain;
• E também desenvolve em seu servidor doméstico um sistema para que IA escreva dApps automaticamente.

Nesta conversa profunda do Space Monkeys, você verá uma Parity diferente: não apenas otimizando o desempenho da blockchain, mas realmente tornando o Web3 parte do cotidiano — algo tangível, compreensível e diretamente utilizável!

Uma frase de Karim revela seu modo de construir o mundo: “Se uma ideia cria raízes na minha cabeça, eu preciso realizá-la.”

Esta edição é uma entrevista exclusiva sobre produtos, criatividade e sobre como o Web3 pode realmente ser utilizado no futuro!

Continue lendo para conhecer a visão atual de produtos e o ambiente de trabalho da Parity!

Diretor de Engenharia de Produtos da Parity: Curiosidade impulsiona tudo

Jay: Bem-vindo à mais nova edição do programa “Space Monkeys”! Hoje temos como convidado Karim Jedda, Diretor de Engenharia de Produtos da Parity. Neste cenário atual, seu papel é mais importante do que nunca. Bem-vindo ao “Space Monkeys”!

Karim: Obrigado pelo convite, Jay!

Jay: É ótimo ter você aqui! Sempre admirei seu trabalho, você está sempre experimentando coisas novas e disposto a compartilhar. Em que novo projeto você está trabalhando ultimamente?

Karim: Faço isso principalmente por paixão. Afinal, esse trabalho envolve muitas reuniões, discussões e tarefas pouco criativas. Gosto de criar projetos que permitam às pessoas experimentar de forma intuitiva os resultados da tecnologia blockchain — para que todos possam participar, observar e sentir as possibilidades trazidas pela blockchain, sem precisar entender os mecanismos complexos por trás. Por isso, faço algumas artes generativas (como NFTs) e digo: “Veja, isso é fácil de fazer.” E uso meu tempo livre para criar. Também imprimi em 3D etiquetas com chips NFC, quero trazer mais pessoas para o ecossistema Polkadot e também faço algumas experiências com hardware.

Jay: Ah, sim, durante o Web3 Summit, você me deu um logo da Polkadot impresso em 3D.

Karim: Exatamente~ Tem um pequeno chip NFC embutido. Minha ideia é usar esse objeto físico para introduzir as pessoas à Polkadot, não apenas enviando um link. É um “token” que você pode segurar de verdade. Esse é um dos meus projetos paralelos. Também tenho outros mais complexos, um deles está incubando no meu servidor doméstico — é uma plataforma que usa ferramentas de IA para desenvolver dApps automaticamente, baseada na experiência que adquiri ao participar do desenvolvimento do CyberGov. Na época, fizemos um experimento em que três IAs votavam on-chain...

Jay: Ok, vamos com calma. O CyberGov é composto por três agentes de IA que colaboram para chegar ao melhor resultado de votação, certo?

Karim: Pode-se dizer isso, mas, estritamente falando, não é colaboração, são três agentes independentes votando, e o resultado final é a soma dos votos deles.

Jay: Entendi, é uma forma de alcançar consenso.

Karim: Isso mesmo, cada IA tem sua própria “personalidade”, ou pequenas diferenças algorítmicas, o que faz com que tenham preferências diferentes para cada proposta. Elas funcionam mais como “filtros” de propostas do que como um nível superior de decisão inteligente. Minha ideia é que, conforme os modelos evoluem, possamos trocar o modelo, mas manter essas “personalidades”, buscando melhorar cada vez mais a tomada de decisão.

Jay: Em que você se baseou para criar essas “personalidades”?

Karim: Um é tipo “estrategista”, focado em estratégia geral; outro é como um “investidor”, priorizando retorno sobre investimento; e o terceiro é intermediário, mais como um “economista”.

Esses são os caminhos que quero explorar, e a comunidade pode sugerir outras “personalidades” para integrarmos. Já recebi ótimas ideias de algumas pessoas, só não tive tempo de implementá-las ainda. Esse projeto utiliza os avanços mais recentes em IA — não enviamos prompts diretamente ao modelo, mas escrevemos programas que geram prompts para obter o melhor resultado. É uma abordagem totalmente diferente. Com base nesses estudos, estou desenvolvendo um sistema — para que, enquanto você pensa, já possa gerar automaticamente um dApp.

Jay: Lembro que o Elon Musk também está fazendo algo parecido, ele fundou uma empresa chamada MacroHard.

Karim: Nunca ouvi falar, o que eles fazem?

Jay: Você conhece a Microsoft, certo? MacroHard, pelo que entendi, é uma empresa para criar softwares automaticamente com IA.

Karim: Esse realmente é o caminho atual, pois é uma ferramenta que vale a pena explorar ao máximo. Quem aprender e usar isso mais rápido terá vantagem sobre quem ainda usa interfaces de chat.

Jay: Com certeza. E como está o progresso do projeto CyberGov? Está funcionando bem?

Karim: Por enquanto, já é possível submeter votos, interagir on-chain e adicionar comentários. O efeito geral ainda não está claro, pois não vimos discussões substanciais sobre propostas. Mas já tem as funções básicas. Dizer que vai mudar o mundo ou revolucionar a governança da Polkadot agora é exagero, ainda precisa de mais iterações. A versão V0 é um experimento discreto.

Jay: Ok, lembro que você tem um projeto em que usou palavras-chave de anúncios para interferir no seu celular. O que é isso?

Karim: Esse experimento se chama “Gaslight Garage”.

Jay: É, o nome já é meio inquietante haha.

Karim: Pois é, você já assistiu “Laranja Mecânica”?

Jay: Claro! Pensei nisso quando vi seu experimento.

Karim: Mas aqui, amarramos o celular para “torturar”, não pessoas haha.

Jay: É como deixar os sensores do celular sempre em “modo de escuta”?

Karim: Exatamente. Esse post teve mais de um milhão de visualizações no Twitter, foi meu primeiro viral. O princípio é simples: colocar o celular numa caixa, ao lado de um alto-falante, usar IA para gerar áudio e enviar sinais continuamente ao celular. Se o celular realmente “escuta”, pode captar certas palavras-chave e me mostrar anúncios relacionados.

Jay: Você usou um celular novo ou o seu mesmo?

Karim: O meu mesmo, o segundo aparelho que uso para comunicações pessoais.

Jay: E qual foi o resultado?

Karim: Até agora, nada de especial. Não recebi anúncios estranhos, tipo de aspirador de pó. Talvez o experimento precise durar mais ou ser feito enquanto uso os apps normalmente, mas ainda não testei esses cenários. Por enquanto, o celular está parado, preciso pensar em como continuar. Acho que chamou atenção porque toca num ponto sensível — algumas pessoas juram que “o celular não nos escuta”, outras acham o experimento interessante e que pode revelar algo.

Jay: Uau, entendi. Seus experimentos são bem variados. Acho que, no fundo, é para satisfazer sua curiosidade, certo?

Karim: Exato. Se uma ideia surge na minha cabeça, eu preciso realizá-la, senão não consigo me concentrar em mais nada. Às vezes nem consigo comer ou fico ansioso, enquanto não tiro a ideia do papel não consigo trabalhar direito. Isso até é um problema, porque às vezes tenho coisas mais importantes para fazer, mas não consigo evitar. Então, às vezes faço um protótipo e lanço para ver o feedback. Minha atenção é totalmente guiada pelo que acho interessante no momento, não tem jeito.

Jay: Entendo você. Tem algum projeto que você sempre quis fazer, mas sabe que provavelmente nunca terá tempo, e sente um pouco de pena? Compartilha com a gente?

Karim: Sempre quis criar uma ferramenta de consulta de dados on-chain realmente descentralizada. Tipo a Dune, mas totalmente descentralizada. Nunca avancei nisso, pois o problema central ainda não foi resolvido. Se alguém da comunidade quiser assumir, seria ótimo, o setor precisa disso.

Também tenho ideias relacionadas a carros, como adaptar o modo sentinela da Tesla para carros comuns, basicamente usando um Raspberry Pi com fonte de energia ininterrupta para monitorar o ambiente mesmo com o carro desligado.

Agora estou fazendo um NVR, sabe o que é? É um dispositivo que conecta câmeras de vigilância a um servidor para análise. Os NVRs tradicionais só fazem detecção de movimento, mas agora podemos fazer muito mais, como enviar imagens para reconhecimento facial, contar quantas vezes a mesma pessoa aparece, etc. O mais interessante é que dá para adicionar mecanismos de blockchain, por exemplo, se uma câmera for adulterada, as outras podem rejeitar automaticamente suas imagens. Explorar esses cruzamentos é divertido. Claro, tenho mais umas duzentas ideias haha, quando tiver tempo, vou lançar o máximo possível.

Tecnologia não deve servir só para geeks, Web3 deve criar “valor líquido positivo” para a sociedade

Jay: Além desses experimentos, por que você acha que produto é tão importante no Web3?

Karim: Acho que muitos ecossistemas já discutem isso. As pessoas usam “produtos”, não “protocolos”, e muito menos infraestrutura de base para tarefas do dia a dia. Por exemplo, para gravar este programa, você usa iPhone, câmera Sony, não primitivos on-chain. Precisamos de uma “camada de simplificação” para que 99% das pessoas possam se beneficiar do valor e das funções da blockchain, evitando riscos por operações complexas. Essa é nossa responsabilidade e uma necessidade do desenvolvimento tecnológico — precisamos popularizar a tecnologia e dar aos usuários capacidades que ferramentas Web2 não têm, como resistência à censura, acesso sem permissão e infraestrutura financeira básica.

Muitas funções que achamos naturais são hábitos formados pelo uso prolongado do ecossistema. Precisamos quebrar esses paradigmas, simplificar processos e criar soluções que permitam aos usuários experimentar facilmente as vantagens da blockchain.

Jay: Como desenvolvedor de produtos Web3, você já pensou sobre os riscos e responsabilidades que assume?

Karim: Claro que sim. Toda tecnologia que dá novas capacidades às pessoas traz responsabilidade, especialmente quando você está ultrapassando limites e fazendo coisas que a sociedade ainda não aceita totalmente. A sociedade está sempre mudando. Nosso objetivo é criar “bons produtos”, “coisas benéficas para a sociedade”, esse é o objetivo que vale a pena buscar.

Se alguém usar para o mal, isso realmente incomoda, não tem como evitar. Mas só podemos tentar garantir que 99% dos usos sejam positivos. Mesmo boas ferramentas podem ser mal utilizadas — isso não é exclusivo do Web3, dinheiro em espécie também: pode ser doado para abrigos de gatos (o que incentivo muito), ou usado para o mal. O essencial é como fazer com que produtos Web3 gerem “valor líquido positivo” globalmente, sem se prender demais aos inevitáveis negativos.

Jay: Mas você se preocupa com responsabilidade legal? Por exemplo, se seu produto acabar sendo o favorito de criminosos, isso te incomoda?

Karim: Sinceramente, como construtor de ferramentas e desenvolvedor de software, não opero esses produtos nem lucro com o uso deles por terceiros, então não me preocupo muito com responsabilidade legal. A menos que o uso do Web3 em si seja considerado ilegal, aí o impacto seria muito maior. Mas, estando em um país ocidental, ainda temos certa liberdade e podemos fazer coisas significativas. Empresas de tecnologia devem impulsionar o progresso tecnológico e social, espero que essas preocupações nunca se concretizem.

Dois tipos de produto que Gavin prioriza: Life (vida) e Space (interação com o mundo real)

Jay: Muito bem colocado. Agora Gavin voltou como líder da Parity, é a empresa dele, e sua visão é “fazer produtos”. Mas, na verdade, você já vinha promovendo a rota de produtos da Parity antes dele voltar, certo? Lembro que foi você quem iniciou essa direção.

Karim: Sim. O departamento de engenharia de produtos existe há cerca de um ano. Na época, nossa hipótese era: ao desenvolver produtos, entenderíamos melhor o protocolo. Na verdade, já fazíamos isso antes, como o DotLake, que é um produto. Ou o Data Website, queríamos não só permitir que baixassem dados brutos em CSV, mas também visualizar gráficos, compartilhar dados e entender intuitivamente o que acontece no ecossistema Polkadot. Depois expandimos para outras áreas, como fornecer snapshots de banco de dados para facilitar a criação de nós.

Então, inicialmente, queríamos criar produtos que “baixassem a barreira de desenvolvimento da Polkadot e acelerassem o progresso do ecossistema”. Mas agora o foco mudou, agora é criar “produtos para usuários Web3”, garantindo que estamos fazendo “o que os usuários realmente precisam”, o que já é diferente do objetivo inicial do time de engenharia de produtos.

Jay: Entendi, o essencial é fornecer ferramentas realmente úteis. Antes era para facilitar o uso da Polkadot, agora é para facilitar a vida dos usuários em cenários específicos. Gavin agora foca em dois tipos de produto: Life (vida) e Space (interação com o mundo real). Qual te interessa mais?

Karim: Me interesso mais pelo Space.

Jay: Eu também! O que te atrai especificamente?

Karim: Basicamente, tudo que envolve “interação física, com suporte potencial da blockchain”. Como o conceito de sincronização de câmeras e dispositivos que mencionei antes. Ou experiências presenciais, como os casos apresentados no Web3 Summit ou projetos experimentais compartilhados hoje na atividade de team building da Parity, um deles até ganhou prêmio em um hackathon.

Jay: Qual? Perdi, estava entrevistando outra pessoa.

Karim: Vai ser divulgado depois. Mas, em geral, é sobre criar experiências de interação entre o mundo real e a blockchain, para que as pessoas sintam o efeito de “ter uma chave” ou “possuir um dispositivo criptográfico”. Estou sendo propositalmente vago, te convido a acompanhar as novidades, quando o produto estiver pronto, mostraremos o demo.

A ideia do Gav é criar produtos que tragam diversão à vida das pessoas, não como eu disse antes, que obriguem todos a “fazer um monte de lição de casa”. Como o app de votação on-chain da Erin que mostramos hoje: ele opera totalmente on-chain, mas muitos precisaram primeiro receber tokens, outros foram ao Faucet buscar moedas de teste, essas experiências precisam melhorar, o objetivo é permitir que o usuário comece a usar sem barreiras.

Há muitos produtos do tipo Space, por exemplo, no mundo real, por que não pagar diretamente com sua carteira on-chain em uma loja? Sem cartão, intermediários ou operações extras. Esse tipo de inovação tem muito valor, e há inúmeras ideias semelhantes. O segredo é ter imaginação e, claro, validar a viabilidade.

Jay: Exatamente. Gav mencionou no team building da Parity que quer ciclos de iteração de “um MVP a cada duas semanas”, ou seja, um protótipo ou prova de conceito a cada duas semanas. No começo pode não ser possível, pois ele quer descobrir, ao fazer produtos, que tipo de middleware precisamos. Quando a base estiver pronta, a velocidade de iteração vai aumentar. Do seu ponto de vista, como sair do estágio atual para esse ritmo rápido de prototipagem e iteração?

Karim: William e meu time levantaram um ponto ótimo ontem: no Web3, muitas decisões técnicas não precisam ser nossas preocupações, basta seguir o ritmo da blockchain, sem pensar em arquitetura de serviços, design de banco de dados, etc., o que simplifica muito a iteração.

Hoje, o modelo de desenvolvimento orientado a produto — ou seja, as necessidades do produto guiando o design do protocolo — é muito valioso. Por exemplo, a blockchain precisa ser mais rápida? Precisa de mais capacidade de armazenamento? Essas questões devem vir de cenários reais de produto. Acho que é o caminho certo. Podemos chegar ao estágio de “um protótipo a cada duas semanas”? Acho totalmente possível. Com as ferramentas de IA, automação e a experiência acumulada da equipe, nossa capacidade de produto vai crescer, e poderemos ter vários squads — criando produtos, MVPs, testando rapidamente. O gargalo é a velocidade de otimização da blockchain, se o armazenamento for lento, tudo trava. Até resolvermos, precisamos de soluções intermediárias que não violem os valores do Web3.

Resumindo: acho totalmente possível. É difícil, mas hoje temos as ferramentas. Cinco anos atrás, eu seria mais cauteloso.

Como desenvolvedor, curto programar; como gestor, lidero pelo exemplo

Jay: Como gestor, liderando esse projeto importante, qual sua estratégia? Como transformar talento bruto em um time coeso que entrega produtos?

Karim: Primeiro, prefiro liderança persuasiva. Ou seja, fazer o time entender por que estamos fazendo isso. Por exemplo: por que criar uma ferramenta totalmente Web3? Quais as vantagens? Fazer todos acreditarem na missão é o principal motor. Depois, dar o suporte necessário: acesso à documentação, contato com desenvolvedores experientes, coordenar comunicação e prioridades. Também definir prazos, como “no quarto trimestre vamos cumprir esses objetivos, depois revisamos para o primeiro trimestre”.

Preciso apoiar e liderar pelo exemplo — como você viu, também participo do desenvolvimento de produtos. Não quero ser só um gestor que dá ordens, quero compartilhar: “Isso foi o que eu fiz, vamos comparar e aprender juntos”. Tento participar de todos os times, não porque tenho tempo, mas porque isso gera mais valor. Às vezes, um time trava por não saber o rumo, entro numa reunião, explico, e o problema se resolve.

Por fim, é fundamental manter comunicação próxima, removendo obstáculos e incertezas para o time. Muitos dos times premiados no hackathon que você viu são do departamento de engenharia de produtos. Quero dar esse suporte: da coordenação do dia a dia ao sentimento de realização no desenvolvimento, até ver o produto sendo usado. Meu objetivo é guiá-los até a entrega e iteração com usuários. E claro, participo também. É um desafio divertido.

Como desenvolvedor, curto mais programar. Mas como gestor, vejo meu papel como igualmente importante, mesmo que nem sempre seja reconhecido de imediato, pois os “timings” são diferentes.

Quando um produto está “pronto”? Qual o padrão de sucesso?

Jay: Como líder, como você decide quando um projeto está pronto? Fazer uma prova de conceito é uma coisa, mas um produto amplamente usado é outra.

Karim: Temos diferentes fases. O plano ainda está no início. Primeiro, testamos internamente na Parity: piloto em pequena escala, coletamos feedback, fazemos QA básico. Quando o produto passa na validação interna e as funções Web3 funcionam, o que importa é adoção, dados de usuários e crescimento — KPIs clássicos de produto, fáceis de acompanhar e entender.

A questão central é: os usuários estão usando? Estão satisfeitos? Deixam de usar por algum problema? Se houver problemas, revisamos e iteramos. O padrão de sucesso após o lançamento é claro: taxa de adoção, retenção e se beneficia o ecossistema Polkadot.

Qual o conselho para construtores do Web3?

Jay: Ótimo. Agora, para quem está ouvindo, cheio de ideias e entusiasmo, mas com dificuldade de “colocar a mão na massa”, que dicas ou técnicas você sugere? Como começar?

Karim: Lembro de um ditado: uma jornada de mil milhas começa com o primeiro passo. Essa é minha experiência pessoal, não um conselho universal. Procuro o “menor primeiro passo viável”, só para começar. Esse passo pode não ser um sucesso, nem mostrar toda a ideia, mas pelo menos faz o projeto andar.

Por exemplo, se você quer usar IA para começar uma ideia, ou testar uma hipótese, sempre há formas de atingir o objetivo. Mas o princípio é: coloque algo nas mãos de usuários reais o quanto antes. Algumas ideias são abstratas, difíceis de prototipar rápido, mas se for importante, procure quem pode dar feedback real. Resumindo: avance em pequenos passos, itere rápido, simplifique se necessário, faça um protótipo e depois otimize. O feedback útil vem do mundo real, não de datasets. Só com uso real, ouvindo “gostei” ou “não gostei”, você melhora.

E não desanime facilmente. O Web3 às vezes é difícil: falta documentação, ninguém responde dúvidas. Por isso acho que é minha responsabilidade: garantir que até o menor time tenha “lugar e voz” no ecossistema.

Se você quer contribuir para o verdadeiro Web3, seja bem-vindo, sempre haverá espaço para você aqui. Se precisar, pode me procurar para tirar dúvidas. No mundo de hoje, cada pequena contribuição para tornar o Web3 realidade tem valor.

Jay: Fantástico. Karim, é ótimo ter você no programa e ver seu brilho no ecossistema. Você está certo, pedir sua ajuda é sempre prazeroso, você sempre estende a mão e resolve problemas ao redor. Muito obrigado pelo seu trabalho e por participar do programa.

Karim: De nada, obrigado também. Esta conversa foi muito significativa. É uma honra compartilhar algumas ideias. Espero que nos próximos anos você convide membros do meu time para mostrar nossos produtos, o processo de desenvolvimento, etc., para tornar o Web3 mais “humano”. Porque é isso que às vezes falta: o Web3 está cheio de APIs e conceitos abstratos, mas por trás há pessoas, e é para elas que servimos.

Jay: É exatamente o que queremos! Muito obrigado!