[Thread em inglês] Declaração de Privacidade: Como a tecnologia de zero conhecimento pode reconstruir a internet
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A tecnologia não tem ideologia. Ela é uma arma, um instrumento contundente usado para alavancar a velha ordem. Se a tecnologia for usada para servir a propósitos malignos, a única resposta é se armar e contra-atacar.
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Zatoshi
Opinião:
Zatoshi: Em 2024, Vitalik Buterin propôs o “aceleracionismo defensivo” (d/acc), para descrever uma postura tecnológica cautelosa, porém otimista, defendendo que a tecnologia deve ser uma força para o bem e o progresso. O artigo dele ressoou comigo. A narrativa dominante vê a tecnologia como fonte de distopia e risco, uma visão extremamente reacionária. Resistir à tecnologia é, na verdade, a maneira mais rápida de ser engolido por ela. O “aceleracionismo defensivo” de Vitalik enfatiza direcionar a tecnologia para caminhos positivos e amigáveis à humanidade, o que realmente é uma boa forma de usuários e desenvolvedores refletirem sobre suas ações, mas ignora uma realidade fundamental — os sistemas de incentivos frequentemente são mais poderosos do que princípios, e os incentivos podem empurrar a tecnologia para a escuridão. A era da informação trouxe oportunidades sem precedentes, mas também um preço capaz de destruir a estrutura social ocidental e o livre-arbítrio humano. Concordo com o otimismo de Vitalik em relação a tecnologias inovadoras como a criptografia de conhecimento zero, mas acredito que ele subestima os conflitos e turbulências necessários para reverter o cenário. O d/acc é um princípio nobre, mas a implementação real de princípios geralmente é suja, dolorosa e caótica. A tecnologia não tem ideologia, ela é uma arma, um golpe contra a ordem estabelecida. Se for usada para causar dano, a única resposta é se armar e resistir. Os otimistas tecnológicos frequentemente citam exemplos de como a tecnologia melhora o mundo, como permitir que a humanidade remodele o mundo físico ou ofereça formas inéditas de acesso à informação por meio da inteligência. Mas isso ignora uma realidade central: a tecnologia não está mais aumentando a complexidade da comunicação humana, mas sim enfraquecendo-a. A economia da atenção dificulta a formação de consenso em grupo, algoritmos reforçam a raiva e a divisão, e as pessoas cada vez menos conseguem se entender. As elites tecnológicas pregam a abundância e prosperidade do futuro, mas disputam o recurso mais escasso — a atenção. Quando abro o X (Twitter), não sou recebido por sabedoria e conhecimento, mas por informações distorcidas, mentiras sensacionalistas, raiva amplificada e reclamações intermináveis. Esse conteúdo não me faz sentir otimismo pelo futuro, mas sim que minha alma está sendo poluída pela lama digital. O núcleo da decadência da cultura do Vale do Silício está em um niilismo: eles acreditam que, se “as pessoas querem”, então é legítimo. Mas o desejo pode ser fabricado, induzido e manipulado. A internet já foi um espaço público compartilhado, agora é um mercado de invasão, manipulação e comercialização do comportamento humano. Nossa dignidade não importa mais, somos apenas dados, analisados, precificados e negociados. Se a tecnologia não voltar a melhorar a vida real das pessoas, será rejeitada pela cultura e pela sociedade. O pecado original da corrupção da internet é a economia de anúncios e dados. Quase tudo na internet é gratuito porque ninguém sabia como cobrar, e quando os dados se tornaram mais valiosos que o dinheiro, as empresas não precisavam mais vender produtos, mas sim os próprios usuários. Elas não se importam mais com o que precisamos, mas sim com como nos manter presos, como nos induzir a clicar, como extrair ao máximo nossa atenção. Assim, nasceu um sistema feudal digital global: poucas empresas controlam a terra (plataformas), e nós somos os recursos de dados que proliferam nela. Perdemos o direito de escolha, até esquecemos o que “privacidade” significa. A verdadeira solução não é voltar ao passado, mas criar novos sistemas de incentivos e tecnologias — criptografia de conhecimento zero e registros distribuídos. O blockchain oferece moedas digitais de soberania própria para a humanidade, enquanto as provas de conhecimento zero permitem que as pessoas provem identidade, patrimônio e crédito sem entregar nenhum dado privado. Se as redes sociais validassem humanos reais dessa forma, robôs e propaganda falsa desapareceriam instantaneamente. Se o setor financeiro usasse esse método para crédito e liquidação, os dados não seriam mais armazenados, roubados ou vendidos. Uma internet que protege a privacidade, rejeita a vigilância e a escravidão de dados é possível, e blockchain e criptografia de conhecimento zero são suas bases. As transações, trocas e colaborações humanas podem acontecer sem sacrificar a privacidade, e isso significa recuperar nossa dignidade. [Original em inglês]
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